Parintins será uma das cidades mais consumistas do Brasil, até 2020
A Revista Exame, edição 1.022, do mês de agosto, publicou uma pesquisa que reforça a ideia de que o consumo está se descolando das capitais para o interior. As regiões Norte e Nordeste estão contribuindo com o aceleramento do consumo nacional, em um vigor maior que a região Sudeste, onde o consumo sofre retração. Esses novos eixos econômicos são áreas que recebem pela primeira vez shoppings centers ou grandes redes varejistas. O novo mapa do consumo, que traça uma previsão do desenvolvimento do setor varejista no país até 2020, coloca Parintins em 12º lugar entre as 40 cidades de interior, com mais de 100 mil habitantes, com maior potencial para o consumo.
Nos últimos 10 anos, o perfil socioeconômico do Brasil mudou, e Parintins consequentemente sofreu alterações. A principal novidade foi o fortalecimento da classe C, ou melhor, a nova classe média, composta por famílias que tem uma renda mensal, somada por todos os membros, entre R$ 1.064, 00 a R$ 4.561,00. Segundo a pesquisa Data Popular a nova categoria corresponde a 94,9 milhões de brasileiros, mais de 50% da população. É o novo potencial da economia, e é predominante sob o ponto de vista eleitoral e econômico. Esta nova categoria tem ambição de subir na vida, viver melhor e consumir mais. São famílias que antes eram consideradas pobres, e hoje tem condições melhores. Os pais têm baixa escolaridade, mais 68% dos filhos estudam mais que seus pais e os filhos têm mais espaço de diálogo e grande influência na formação da opinião da família.
Compradores
A maior parte dos consumidores pertencem a esta classe, exigentes em adquirir produtos duradores, de boas marcas, mesmo com preços mais elevado. O gerente loja de eletrodomésticos Richarlson, Rafael Lima afirma que os campeões de venda são geladeiras, fogões e televisores LCD. Os clientes procuram os produtos das melhores marcas. “Tem pessoas que privam o seu próprio lazer, economizam mesmo para comprar aquele produto e pagam as parcelas em dia”, declara o gerente. Ele também ressalta que há alta procura por tablets, smartphones e produtos com tecnologia de ponta.
O aumento do consumismo também é decorrente da maior liberdade de crédito. Na loja Richarlson, o crediário é aberto na hora, as facilidades são maiores e as parcelas podem ser pagas em até um ano. As promoções e feirões de venda também incentivam o consumidor a gastar. “Tem clientes que veem comprar porque precisam, mas tem outros que compram até três produtos idênticos, sem a menor necessidade”, declara Rafael.
Outra rede varejista que também promove promoções e queima de estoque para aumentar as vendas é a loja de roupas O Nordestão. Neste ano, a loja cortou o crediário próprio devido à alta inadimplência dos clientes. Muitos compravam, davam a entrada e depois não pagavam as parcelas. A loja teve prejuízos com os inadimplentes. O Nordestão vende variados tipos e marcas de roupa. “A maior procura são pelos preços populares, mas também tem clientes mais exigentes que querem roupas com uma qualidade melhor. Esses nem querem saber o preço e nem pedem desconto”, diz a gerente Cleuma Pereira.
Juliana Cristina
Especial Para o Repórter Parintins